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Série Cowboys do Vale 4 - Mãe Solteira e ... Namoradeira!

owen wilson
Resumo: Beatriz, mãe solteira e vista como uma devoradora de homens não abaixava
a cabeça para o destino que lhe era apresentado. Queria casar-se e fazia disso seu
objetivo de vida. Todavia, naquela cidadezinha do interior, sua fama era a pior possível
pois, em sua busca por um marido, ela acabara se relacionando com uma quantidade imensa de
homens que só queriam levá-la para a cama e nada mais! O pior era saber que ela sempre
caía no mesmo truque e ficava a ver navios!

capitulo 1
    Ela tinha um sonho na vida! Queria casar-se. E quase tudo o que fazia tinha o altar
como meta principal, seu  objetivo final. Estava ja com trinta anos, era mãe solteira,
gostava de namorar. Achava-se normal e descomplicada. E tinha uma personalidade do tipo
esfusiante, transbordante de alegria e derrubá-la, vê-la deprimida era algo tão certo
quanto o céu se tornar verde escuro!
    Por vezes se perguntava por que não conseguia realizar seus sonhos já que queria tão
pouco da vida! Não ambicionava uma carreira, não se imaginava morando numa mansão, não
almejava riquezas, vestidos de grife, joias verdadeiras, perfumes franceses, lingerie de
seda pura... Apenas gostaria de ter uma vida confortável, sem ter que acordar tão
cedo todos os dias para ir trabalhar, contar seu mísero salário para cobrir as despesas, a
conta de luz, o bujão de gás, as compras no supermercado, carregar sua filha de dez anos
para lá e para cá, implorando as amigas que olhassem sua garotinha enquanto ela precisava
ganhar o sustento para ambas!
    Nem as roupas da Leader, da Renner ou da C&A ela conseguia comprar! Mal conseguia
manter a filha alimentada.
    Estava pedindo muito a Deus, aos céus e aos anjos?
    Um marido apaixonado e uma vida um pouco melhor?
    O chato era reconhecer que na busca de seu príncipe encantado, acabara passando por
muitas mãos... A maioria delas sem o menor encanto!
    Beatriz não sabia por que seus romances nunca iam adiante. Sempre que conhecia um rapaz,
acreditava que aquele seria o seu príncipe, que agora encontrara o homem de sua vida, que
se casariam, que seriam felizes.
    Não que tivesse complexo de Cinderela. Muito ao contrário. Tinha os dois pés no chão,
não fantasiava, não via as coisas além da realidade que a cercava.
    Sabia que o homem que a faria feliz nada tinha a ver com aqueles lindos e maravilhosos
homens dos livros de romances. Nada de homens bonitos, musculosos, de corpo perfeito, de
barriguinha sarada. Se desse a sorte de encontrar um com uma leve barriguinha de chope e
cerveja, já se daria por satisfeita. Se fosse trabalhador e tivesse um emprego onde
ganhasse um pouco mais que um salário mínimo, também. E se ele não estivesse enrolado com
outra mulher, já seria a sorte grande.
    Já perdera a conta dos rapazes que vinham com aquela conversa mole depois de terem-na
levado para a cama.
    - Sabe... Você é uma garota legal, merece alguém melhor do que eu...
    Ou...
    - Bem... Eu estou meio comprometido com a "Fulana" e ...
    Ou...
    Embora o sexo que rolou entre nós tenha sido bárbaro, não estou muito a fim de um
envolvimento agora e...
    Não era sempre assim? Certamente havia algumas alterações, mas eram poucas.
    Por muitas vezes se perguntara se não devia ter ficado sozinha após ter engravidado,
mas... Ela gostava de sexo. Gostava também de acreditar que um dia, um daqueles camaradas
que se deitavam com ela, seria o homem certo.
    E quando um daqueles vaqueiros a pegava de jeito, um daqueles que tinha aquela
pegada... Ela esperava e esperava que no dia seguinte, ele ligasse para mais um novo
encontro.
    Até que em algumas vezes, rolara um segundo encontro. Muitas vezes, até um terceiro.
Em dezenas de  vezes, até bem mais! Mas tudo se resumia a isso.
    E assim, ela acabara mal falada. Já não lhe bastava ser sempre descartada, ainda tinha
que ouvir das fofoqueiras do ANOVIVER que ela trocava de homens como quem trocava de
roupas. E para piorar, até mesmo suas amigas mais chegadas a consideravam uma mestra na
arte da sedução, uma devoradora de homens!
    Era apenas esse o seu talento, o qual Beatriz não gostava muito de aceitar. Queria ser
um pouco mais que isso!
    Por acaso, alguém acreditava mesmo que ela gostava de ser trocada por eles? Sim.
Porque eram eles que a trocavam por outra.
    Tudo o que ela apenas queria era casar, ter sua casa, um marido carinhoso e
responsável que não a chifrasse com qualquer uma! E que fosse um bom pai para sua filha.
    Desde que entregara sua virgindade para o pai de Bruna que só quebrava a cara.
    O que Nathália, uma das fofoqueiras daquele clube maldito de mulheres mal amadas diria
se soubesse que seus adorado marido era o pai de sua filha?
    O que Nathália, a boa mulher que vivia a ajudar os necessitados, que arrecadava
donativos para comprar alimentos para os pobres, que julgava a maior parte das mulheres
como vagabundas, faria se soubesse que o adorável Vinícius Fernandes tinha uma amante com
dois filhos e que a talzinha morava numa das cidades vizinhas de Vila Verde?
    Isso ainda sem falar em Lucinha, a mulher de seu primo Pedro Rocha, o ex capataz de Henrique
Cassilhas e que há um ano vinha trabalhando no que aparecesse para poder sustentar sua
mulher. E Lucinha nunca fazia questão de esconder suas conquistas. Se a burra da Nathália
não via era por que realmente não queria ver!
    !Coitado do Pedro!" Durante anos ela e a irmã o evitara. Só porque Pedro Rocha era
filho da irmã de seu pai. Aquele homem horrível que destruíra sua mãe! Mas Pedro acabara
se tornando um grande amigo além de parente de sangue!
    Por muitas vezes, quando passava pela rua e era apontada por aquelas mulheres
maldosas, ela tivera a vontade de gritar para a mulher asquerosa quantos chifres ela tinha
naquela cabecinha de vento. E, por inúmeras vezes, até mesmo pegara o telefone para acabar
com a pompa daquelazinha nojenta e esnobe. Mas refreara seu desejo de vingança. Às vezes,
só o fato de ter o prazer de saber que a metida a dondoca não passava de uma idiota, que a
maioria das pessoas sabiam das traições daquele safado, já elevavam o seu ânimo!
    Era maldosa? Que nada! Não acreditava em garotas boazinhas que se faziam de santas mas
que na verdade, valiam tanto quanto ela!
    Além do mais, não fora ela quem traíra a fofoqueira Nathália. Quando ela e Vinícius, o marido da
mulher faladeira namoravam, ela nem desconfiava que ele estava noivo, de casamento
marcado. Como toda garota burra, ela ouvira aquela conversa mole e romântica e caíra
naquele papo furado.
    Como uma mulher poderia saber quando um homem a enganava? Ela não tinha bola de cristal!
E mesmo que tivesse, ela seria também enganada pela tal bola. As pessoas acreditavam
naquilo que queriam e a teimosia de uma mulher fazia com que ela visse amor e paixão onde
só havia a necessidade de "desafogar o ganso"!
    Ela tinha dezenove anos e se apaixonara pelo camarada bom de papo. Antes dele, fora
abandonada por um outro idiota que tentara levá-la para a cama e não conseguira. Então,
quando Vinícius começara com aquela conversa mole, ela achou que na sua idade, ser virgem
era uma raridade. E que mal haveria em entregar-se ao homem de sua vida, ao homem que
jurava amá-la e que lhe fizera uma proposta de casamento? Infelizmente, fora apenas ele a fazer isso!
    - Você é tão linda, Bia... - Ele dizia naquela época com a voz carregada de paixão e
os olhos flamejando de desejo. - Queria tanto que fosse minha...
    - Mas sou tua, Vinícius... - Ela respondia cheia de culpa por saber que ele estava duro
feito pedra e cheio de vontade de entrar nela com vontade.
    - Queria você por inteiro... Já não suporto mais esses beijos. Preciso de algo mais
que isso, senão vou enlouquecer. Sinto dores terríveis aqui embaixo.
    - Homens sentem dores por que... - Ficou envergonhada. Como perguntaria algo tão
íntimo?
    - Ah! Sentem sim. Os ovos doem.
    - Os ovos?
    - O saco, os testículos... Sei lá como uma mulher como você denomina as partes
masculinas. Para nós, é simples. É pau, cacete, pinto... coisas simples assim. Vocês
mulheres são envergonhadas demais para falar essas coisas. - Ele parecia divertido com o
constrangimento dela. - Mas a verdade é que seja lá o nome que vocês dão ao nosso
amigão, toda as vezes que você se esfrega em mim, as dores são terríveis!
    - E não passa?
    - Só se eu puder entrar em você, socar lá no fundo, sentir todo o prazer que só você
pode me dar, nenhuma outra.
    Aquilo era jeito de convidar uma mulher ainda virgem e envergonhada para o sexo? Certo ou errado, o
que ocorria no corpo de Beatriz era quase o mesmo. Queria muito que ele invadisse seus
domínios. Mas se lhe desse tal permissão não ia parecer fácil demais? Tinha que haver um
jeito dele acreditar que a ideia era dele e não dela. Ela não podia se oferecer a um
homem, mesmo ele sendo seu namorado e mesmo ouvindo aquelas deliciosas juras de amor.
    Mas, e se não transasse com ele como ele parecia ansiar tanto? Ele a abandonaria como
seu namorado anterior a deixara?
    Crispim, seu outro namorado dissera que não ia perder tempo namorando uma garota que
não estava disposta a se entregar a ele. Jurara até que se casaria com ela, desde que
provasse antes o produto! E agora,
quando namorava Vinícius há duas semanas, tinha medo de que ele a abandonasse por que não
cedia aos desejos dele. E aos dela!
    Então, acabara deixando rolar.
    - Vai ter que usar camisinha. Eu não tomo remédio anticoncepcional e não quero
engravidar.
    - Uma vez só não vai deixá-la grávida.
    - Tenho uma colega que engravidou transando apenas uma vez. - Ela dissera percebendo a
irritação crescer no semblante dele.
    - Eu gozo fora. Fique tranquila.
    Que negócio era aquele de gozar fora? Aquilo daria certo? Já não era embaraçoso demais
planejar a relação sexual e ainda tinha que ouvir aqueles detalhes desagradáveis? Por que
os homens não tinham sensibilidade para perceber que as mulheres haviam sido criadas para
esconder seus desejos? Que mulher da roça ia falar abertamente de sexo, sobre o nome que
os homens chamavam seu membro, sobre o passo a passo de uma relação sexual sem que tivesse
vontade de enfiar a cara num buraco qualquer? Só por que eles eram criados livres, que
tinham que provar que eram machos pegando o máximo de mulheres possíveis? Vinícius não via
que aquela conversa a envergonhava? Ela não era hipócrita, nem sonsa. Estava realmente
fora do eixo com aquela conversa.
    - Tudo bem... Seja como você quiser. - Queria agradá-lo. Não queria perdê-lo.
    Era óbvio que com tanta vergonha, num dado momento, as coisas lhe pareceram terríveis.
Para Vinícius, ao contrário, tudo parecia bem. Ele entrava e saía dela, ofegando, gemendo e
falando coisas sem o menor sentido. Não levara em conta a dor que ela sentira. Perder a
virgindade, de pé, encostada num tronco de árvore não era muito romântico. Nem
confortável! E ele não conseguira gozar fora.
    - Desculpe, benzinho... - Ele falou com delicadeza logo assim que recuperou o fôlego.
- Não deu para segurar. Está tudo tão apertadinho! Humm! Fiquei doido! Mas agora, terei que ir embora. Já é tarde.
    Ainda hoje havia aquele tronco seco
de árvore onde perdera sua virgindade. Infelizmente, um raio o atingira logo depois que
Vinícius lhe dera o fora, mas ainda estava lá, firme e forte para lembrá-la de como uma
mulher pode ser idiota! Nem mesmo o trabalho de lhe fazer amor pela primeira vez numa cama
ele levara em consideração.
    Mas o pior fora continuar a transar com ele, todas as noites, exceto nos finais de
semana e feriados, quando ele precisava ir aos leilões de gado para o pai em
São Paulo, sempre encostada naquela árvore desconfortável, por quase dois  meses
inteiros.
    Uma coisa ela queria saber. Como deveria ser fazer amor deitada numa cama! Estava
cansada  do sexo em pé, num canto da praça, com medo de que alguém chegasse e a pegasse
no flagra!
    - Não esquenta! - Ele sempre dizia. - A gente vai se casar!
    E ela, embora não relaxasse nem um pouco, acreditava nele e em suas promessas de
casamento.
    Até o dia que alguém lhe falara que ele realmente se casaria. Com outra!
    - Tá brincando? O Vinícius é meu namorado. Vai se casar comigo. Ele prometeu.
    - Quem disse? Todo mundo sabe que ele é noivo da Nathália Vieira! - Sua colega falou.
    - Que mentira! Estamos namorando há mais de um mês!
    - Como pode namorar o Vinícius? Ninguém nunca viu vocês dois juntos e você nunca falou
dele antes?
    - Estou falando agora... - Beatriz pensou nas palavras dele fazendo-a jurar que nunca
falaria sobre o namoro deles senão o pai dele os afastaria. E ela temera algo assim. Já
não se cansara de ouvir a história de Jacqueline Vartan e Thierry que ocorrera anos atrás
quando o casal fora proibido de ficar junto? E ela conhecia bem aquela história já que
vivera por anos na casa de Madame Jacqueline!  Não queria para si um destino daqueles!
Tudo bem que agora a madame era uma mulher realizada e feliz, mas tivera que caminhar
entre pedras e espinhos durante muitos anos. Tantos que seu amado Thierry não conseguira
sobreviver a tanta dor e morrera de amor e paixão. Dessa forma, era bem
melhor manter segredo completo sobre o namoro e nem mesmo contar para suas colegas e nem
para sua irmã Mayara.
    - Assim que puder, eu e você nos casamos e quando formos falar com meu pai, ele não
vai poder fazer mais nada para nos separar. - Ele dissera a ela por mais de uma vez.
    Que mulher idiota como ela não acreditaria num argumento daqueles?
    - Mas como é que eu nunca ouvi falar que ele estava noivo de outra garota?
    - Deve ser por que a Nathália estuda fora. A formatura dela foi ontem em São Paulo. Ela deve
chegar hoje e vai se casar no sábado.  Eles quase não ficavam juntos aqui. Vinícius sempre
viajava para a cidade de São Paulo a fim de ficar com ela por lá nos finais de semana. Eu
mesma estou ajudando os pais dela nos preparativos da festa. Aliás, vim até convidar você
para ganhar um dinheirinho extra por lá. Estão precisando de pessoas para servir as mesas.
    - Ele não ia a São Paulo para os leilões de gado?
    - Porque faria isso? A família dele é de comerciantes e não de criadores de gado!
    Contra isso não havia o que argumentar.
    - E então? Vai ajudar ou não nos trabalhos para a festa?
    Ela não iria se humilhar tanto! Mas antes, precisava por aquela história a limpo.
    - Meu pai me obrigou. - Ele dissera com a cara de quem estava infeliz e triste por
deixá-la. E ela acreditou nele. Até se sentia uma mocinha triste de romance ao se ver
abandonada pelo homem amado por que ele estava sendo obrigado a se casar com outra.
    - Mas a gente vai continuar se vendo de vez em quando depois do casamento.
    E ela ficara feliz com aquela proposta.
    - Não precisa sentir ciúmes da Nathália. ela nada significa para mim. É a você que eu
amo. Só vou me casar por que se eu não o fizer, meu pai vai me tirar tudo. Sabe como é.
Ele é o dono das três casas de ração de Vila Verde. E eu sou o único filho homem dele. Tudo isso vai ficar para mim quando ele morrer. Não
posso desgostá-lo agora. Senão, ele vai deixar essa herança para meu cunhado!
    Ela, naquela época, compreendia. Mulheres apaixonadas compreendem quase tudo. E ele
lhe jurara amor eterno. Como duvidar daquela paixão.
    Mas aprendera. Depois do casamento, ele se esquecera completamente dela. Nunca mais
fora procurá-la em seu local de trabalho.
    E, por mais de uma vez, Beatriz vira Vinícius ao lado da esposa. Pareciam muito
felizes. E ela agora administrava os bens da família de Vinícius. O pai dele fora embora de
Vila Verde e deixara as lojas para o filho.
    - Você nunca mais me procurou... - Ela reclamou um dia ao encontrá-lo sozinho na casa
de ração.
    - Ando muito ocupado.
    Ela não via mais aquele olhar flamejante de desejo que ele tinha antes.
    - Estou grávida.
    Ele empalidecera?
    - Vai ter que fazer um aborto! Eu pago. conheço um médico muito legal e...
    - Não vou fazer isso!
    - Vai usar essa criança para me chantagear?
    - É seu filho. Vai ter que me ajudar a criar essa criança e...
    - Meu filho? Tem certeza?
    - Claro que tenho. Eu era virgem quando fizemos amor pela primeira vez e...
    - Eu não acredito em você. Uma virgem não transaria em pé encostada num tronco de
árvore. Isso é coisa de vadia! Acho que transou com um monte de caras e... Posso até
apresentar uns dois ou três amigos meus que se deitaram com você.
    - Está maluco? - Ela chorava. - Nunca tive outro homem, só você!
    - E como vai provar isso diante de um juiz? Seria a palavra minha e de meus amigos,
todos de boa família, contra a sua. E de onde você vem? Da casa de Madame Vartan! Quem
daria ouvidos a você? Viveu toda a vida numa casa de prostituição! No Le Mirage!
    Beatriz não podia acreditar que o homem a quem amava estava lhe dizendo aquelas coisas
terríveis.
    - Você disse que me amava!
    - Um homem diz qualquer coisa quando quer comer uma mulher!
    Ela tinha os olhos arregalados de horror. Não podia acreditar nas coisas que ouvia.
    - Com licença... Tenho clientes entrando na loja para atender. Se falar para qualquer
pessoa que espera um filho meu, mando acabar com você! Melhor! Acabo com esse bastardinho
que carrega na barriga! A pontapés!
    Ela acreditou e aprendeu. Embora desejasse muito se casar, não deixara de viver e nem
se escondera da vida como uma mãe solteira amargurada. Ao contrário. Aprendera a evitar uma
nova gravidez e caiu na gandaia. Se fosse certinha ou não,, nenhum dos solteiros a respeitaria.
Agora ela era falada. Os homens viam nela uma presa fácil. As mulheres, uma ameaça. Não
aos seus lares. Nenhum homem de respeito se envolveria seriamente com uma mãe solteira.
Mas algumas mulheres, como Nathália, deixavam claro, sempre que ela estava por perto, que
um homem que se deitava com uma mulher do tipo dela, poderia acabar tendo uma doença
venérea, pois mulheres como ela eram promíscua, além de tirar deles o máximo de dinheiro
que podiam conseguir.
    Ela achava graça dos comentários feitos para que ela os ouvisse. Morava mal, numa
casa construída num mutirão num terreno doado pela prefeitura aos menos favorecidos como
ela. E não ficava muito distante do centro da cidade. Ficava um pouco depois da nova
fábrica de máquinas agrícolas e que pertencia aos Sivelie e aos Cassilhas. Fora caridade? Não via assim. Muitos foram sorteados e brindados com aquela sorte.
Muitos de seus amigos a ajudaram naquele projeto? Certamente que sim. E não via isso como
algo negativo e sim como uma prova da amizade que algumas pessoas de Vila Verde nutriam
por ela. E ficara feliz com sua casa. Ganhava um salário baixo. Precisava ter um cantinho
só seu. Antes, morava num quartinho minúsculo, com um banheiro tão pequeno que quase tinha que subir no vaso
sanitário para poder tomar banho. Nenhum homem pagava seu aluguel ou lhe comprava qualquer
coisa para ela ou sua filha. Era orgulhosa. Se bancava. E não vendia seu corpo como as
fofoqueiras viviam a espalhar. Sempre que se envolvera com um homem fora com a melhor das
intenções, acreditando que era o príncipe que a levaria ao altar.  Ganhava salário mínimo trabalhando como servente da
prefeitura. E sabia que a culpa era sua. Quando vivera com Madame Vartan, todos a
aconselhavam a estudar. Diziam que o diploma era a única maneira do pobre evoluir na vida.
Não quisera ouvir nem a madame e nem ao monsieur. A culpa era totalmente sua se estava
naquela merda financeira. Não estudara, não tinha uma profissão e ainda dera ouvidos a um
imbecil e arranjara uma filha. Mas sua filha era tudo de bom que tinha nesse mundo.
    Vinícius, por mais incrível que lhe parecesse, cansara-se de dar de cara com a
garotinha. E não esboçava a menor reação todas as vezes que isso acontecia.
    Uma vez, sua filha Bruna e Melissa, a filha de sua amiga Letícia, estavam sendo
apedrejadas na rua pelos coleguinhas de turma pois zombavam muito das duas por que eram
vistas como filhas sem pai e Vinícius, que observava a situação, rira das meninas. Nem ao
menos mandara com que a tropa de crianças cruéis parassem de atirar pedras nas meninas.
Fora ela e Letícia que xingando horrores, acabaram com a algazarra.
    Naquele dia, aquele monstro acabara de definitivamente morrer para ela. Até aquele
momento, ainda tinha esperanças de que ele se aproximasse da filha. Agora, não mais!
    Com o passar daqueles longos dez anos, Beatriz tivera a chance de observar todos os
desejáveis solteiros de Vila Verde. Os ricos, que não eram para o seu bico. E os pobres.
Mas não conseguia desencalhar de forma alguma.
    Todavia, jurara a si mesma que ia provar aos moradores de Vila Verde que uma mães
solteiras tinham sim, a chance de encontrar um grande amor e serem felizes!
    Só que já fazia dez anos que estava naquela luta!
    Quando fazia uma lista mental dos mais deliciosos homens de Vila Verde, descartava
alguns.
    Zacharias Sivelie era o primeiro da lista a ser descartado. E não era porque o lindo
usava uma bengala, ou seria uma muleta? Aquilo até que lhe aumentava o charme! Era lindo, solteiro e
rico. Mas, embora sua irmã estivesse casada com o insuportável Laerte, sabia que Mayara
ainda amava o gostosão de quem fora obrigada a separar-se logo após o incêndio na casa de
Letícia. Era mais que certo que o caso de Zac Sivelie com sua irmã era
um segredo guardado a sete chaves  mas...  Não ia magoar a imã nem que Zacharias Sivelie fosse o último homem do planeta. Não
era do tipo que sacaneava aqueles a quem amava. Se não lhe restasse um homem sequer, tinha
o chuveirinho, o travesseiro, seus dedinhos e outras coisinhas mais que comprara na loja de
sex shop.
    Certa vez tivera uma colega de trabalho. Fora na época em que trabalhava para Oliver
Mattos, o dono da fábrica de frios e laticínios de Vila Verde. Oliver era, naquele tempo,
o homem mais bonito que ela já vira. Louro, alto, olhos azuis, um tesão! E ela se
encantara com tudo aquilo. E até fora para a cama com o patrão. Era quase inevitável.
Tinha que limpar o escritório dele quando todos já tinham ido embora. Seu caso com Oliver
fora tão intenso que ela julgou estar apaixonada por ele.  Mas perdera o emprego e o
gostosão. Tudo por que sua amiguinha invejosa também almejava provar um pouco daquele
pedaço de mau caminho.
    Assim, acabara perdendo o delicioso Oliver Mattos e seu empreguinho fuleiro! Era certo
que até fantasiara em se tornar a senhora Mattos. Que mulher não sonharia com aquilo
enquanto se abria para recebê-lo em toda a sua potência? Se seus sonhos se realizassem
agora ela seria uma rica fazendeira, teria uma casa de causar inveja aos sheikes árabes e
seria dona daquele monumento de homem!
    Mas, como quem tudo quer nada tem... Ela ficara com as mãos vazias. Seu único consolo
fora saber que algum tempo depois, sua amiga da onça também estava na rua. E sem o gato
gostoso!
    Ela não ia se deleitar com a derrota alheia? só se não fosse de carne e osso!
    E o belo Luís Paulo? O morenão de olhos verdes? Aquela pele de chocolate, aquela
virilidade toda se esfregando em seu nariz? Durante um tempo, saíra com ele. Mas nem tinha
a menor noção da existência de Fernanda, a mulher dele. Na verdade, nem ele mesmo sabia.
Assim, tiveram um romancezinho quando ele não sabia dos filhos gêmeos e nem de sua atual
esposa. Mas não dera certo. E fora uma pena. Agora que ele tinha família, tornara-se
também um bombeiro em  Vila Verde. que mulher de honra não admirava um bombeiro? Ainda mais quando
ele empunhava aquela mangueira enorme!
    Mas o belo se casara com outra, aliás, como todos os belos faziam com ela! E era ela quem era chamada de piriguete!
    Aproveitara-se dela? Bem... Se assim fosse, ele não fora o único. Mas esperara que
fosse o último! Sempre esperava que o atual fosse o último, o príncipe que colocaria uma
aliança em seu dedo e ela deixaria de ser chamada de mãe solteira! Ou de piriguete!
    Teve também o "seu" Guilherme, o dono do restaurante onde ela jantara com Ricardo
Sivelie.
    Guilherme Lobo era todo cheio de dor. A mulher se suicidara, ele mesmo parecia ter
pensado em seguir o mesmo caminho da esposa. Quase se deitara com ele. Todas as vezes que
via aquele homem tão maravilhoso com aquele olhar tão tristonho ela quase chorava junto
com ele. Não que já tivesse visto o belo chorar. Isso nunca! Mas ele tinha aquela espécie
de olhar molhado, algo que dava a impressão de que começaria a chorar a qualquer momento.
    Mas com ele ela não se envolveria. Sua amiga Lila Rose, a cunhada daquela perdição, era
apaixonada por ele. Até cuidava do filho dele como se fosse seu e da casa como se
fosse sua. E Beatriz jamais trairia uma amiga. Isso era um ponto de honra!
    Havia tantos solteiros lindos naquela cidade que ela não conseguia compreender por que
ainda estava solteira! O médico lindo, mas extremamente mal humorado Doutor Reys, o vice
prefeito Pimentinha, até mesmo o Pedro, que lambia os pés da perigosa Lucinha podia ser
colocado na lista dos belos e solteiros de Vila Verde. Infelizmente, Pedro era seu primo e
estava fora da lista dos belos a serem paquerados!
    Mas outro solteiro também lhe chamava a atenção. Era o moreno Gustavo Ribeiro a quem
todos conheciam como Tavinho. Uma gracinha! Uma carinha de anjinho!
    E também o irmão de sua amiga Letícia. O louríssimo Adriano Salviati. Lindo e louro
como um anjo vingador! Mas sua amiga a mataria se ela se aproximasse daquela beldade!
    Ah! -  Alguém diria. - Mas como você, uma servente, uma faxineira, uma mulher que
limpa o chão consegue se envolver com homens tão maravilhosos?
    Bem... A resposta é fácil. Os homens tem o sexo na cabeça. E sua experiência já lhe
deixara claro que ele não se preocupam muito com o lugar onde vão enfiar o... A... O...
Bem... É isso. São pouquíssimos os homens que se preocupam com a condição social da mulher
com quem se deitam. Se é para dar uma puladinha... Nada que os comprometa... Qualquer uma
serve. É só para dar uma aliviada. Nada sério! Nesse caso, serve o que está a mão.
    Uma vez, uma colega sua dissera que seu namorado não olhava para uma mulher com
celulite ou gordinha. Pura mentira. Na hora do tesão, a última coisa que o homem pensa é
em celulite ou em pneuzinhos. Pode até pensar nisso depois de saciado. Antes, nem morto! A
não ser aqueles homens tidos como metrosexual, aqueles que se depilavam todo, que usavam
colônias caras e disputavam com as mulheres as grifes mais famosas. Esses, talvez nem
gostassem muito de mulher a não ser que fossem sósias da Barbie! Nem testosterona eles
tinham mais!
    Quando, no mês passado, ela saíra para jantar com Ricardo Sivelie, também chegara quase
a sonhar em se dar bem. Quem não ia querer casar com aquele deus lindo e ainda ser dona de
uma das maiores fazendas de Vila Verde?
    Mas Letícia a fizera descer das nuvens em dois tempos. E, por sorte, ela não se
estrepara mais uma vez. O gostosão do Ricardo Sivelie estava apaixonado por Genevieve
Vartan. E ela gostava muito de Genevieve. Não ia ser desleal com uma amiga! Na verdade,
embora nem tivesse desejado colocar o lindo à prova, sabia de antemão que ele não olharia
para ela como uma mulher desejável. A cabeça dele só tinha espaço para Genevieve e nada
mais! E andar atrás de um homem que estava apaixonado por outra era pura perda de tempo.
Mulheres que davam em cima de homens assim eram realmente masoquistas. Estavam correndo
atrás do sofrimento! Mesmo que o carinha desse uma saidinha com elas, nada mais rolaria!
    A parteira Angel lhe ensinara alguns truques para que ela fosse desejada pelo sexo
oposto. Uma delas era a de dançar nua para a lua cheia. Dançara. Depois de despejar em seu
corpo um chá feito com pedaços de maçã, cravo e canela. Ficara cheirosa. E dançara nua
para a lua.
    Depois, pensou melhor. A sua amiga, a parteira Angel era cheia de orações, chás,
superstições, rezas... Mas já passara dos trinta anos e continuava solteira. O chá de maçã não
funcionava para ela?
    Bem... Angel parecia não querer se casar. E quem iria se casar com uma hipponga que
jogava tarô, lia a mão alheia e vivia vendo bruxinhas, duendes e gnomos por todos os
lados! Ah! E ainda conversava com as fadas!
    Ela não era assim. Gostava de coisas concretas, que pudesse ver e tocar. Era uma
espécie de São Tomé que precisava ver para crer. E, ao final, não saberia dizer se dançar
nua para a lua ajudara em alguma coisa já que continuava a ser assediada como sempre, mas
nada de compromisso sério.
    Por outro lado, não queria um traste como seu cunhado Laerte como marido. Ele até que
nem era feio, muito ao contrário, era lindo de morrer, mas duvidava que existisse no mundo
um homem mais  cheio de manias e de  preconceitos como  ele! Bem, talvez Vinícius, o pai de sua filha!
    Mas não ia deixar que aqueles dois... Troços, destruíssem sua fé numa procura que ela
sentia que seria bem sucedida.
    Ela não fingia que os homens eram seres supremos. Sabia que o sexo alimentava suas
vidas através dos pensamentos, palavras e obras. Ou dos cinco sentidos! Eles não eram santos, não valiam nada e
faziam de quase um tudo para levarem determinada mulher para a cama e que, mal se
satisfaziam, esqueciam da coitada em minutos. Não eram santos! Mas as mulheres também não
eram.
    Aliás, se fosse fazer uma lista das qualidades e defeitos, as mulheres ganhariam de
longe. Os homens eram tão fáceis de manipular! Era só a mulher conviver com eles um
pouquinho e logo descobriam que aquela máscara de brabeza, aquela fortaleza toda nada
significavam. Eles, ao primeiro problemas sério, agiam como se tivessem dez anos. Tão
perdidos e desamparados como um garotinho assustado.
    Mesmo assim, ela queria um desses para si. Com aquela cara de machão carente, mal
humorado e grandalhão. Adorava homens grandalhões! E adorava aqueles que achavam que
mandavam em tudo mas que nem desconfiava que era a mulher que o deixava pensar assim.
Fazia bem ao ego masculino achar que tinha sempre a última palavra. E qualquer mulher
inteligente sabia que eles não tinham!
    Bem... Na pior das hipóteses, tinha o Crispim, seu primeiro namorado e que agora se
tornara um bebum de mão cheia! Crispim se casaria com ela num estalar de dedos. Mas
desconfiava que nem num momento de alto desespero ela faria algo tão tenebroso! Não com
Crispim!
    Só lhe restava uma saída. Ia ao casamento de Genevieve com Ricardo Sivelie  mataria
qualquer uma moça ansiosa por se casar que entrasse na sua frente na hora em que a
noiva lançaria o buquê! Aquele buquê era seu!



Cowboys do Vale 4 - Mãe solteira e... Namoradeira!





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