perseguia sem trégua por onde quer que fosse. Ele sonhava com uma família, em ter umaesposa e filhos. Ela estava para dar à luz, mas nã tinha mais onde morar ou se esconder.Ele, perdera a fé no amor e não mais acreditava nas mulheres pois elas sempre o
enganavam. Ela queria ser feliz mas não sabia como, já que perdera tudo, até mesmo a
esperança. Entretanto, ele agora se perguntava por que aquela mulher tinha que ter
estava prestes a dar à luz e não havia mais ninguém para socorrê-la. Tudo bem! Ajudaria a mulher e tudo acabaria assim! Nunca mais a veria! Estava na cara que aquela mulher a quem prestava auxílio era igual as outras com as quais já se ligara. Por que outra razão fugia de um ex marido
desesperado até o ponto de querer matá-la? Não seria ele o pai daquela criança que acabava
de nascer ajudada por ele?
Capitulo 1
engravidara antes mas a parteira Angel a alertara de como as coisas se seguiriam. Ao
menos em tese. E tudo parecia estar de acordo.
Nesse caso, o melhor a fazer era ligar para a parteira e lhe dizer que viesse pois as
contrações estavam muito próximas umas das outras.
Por que demorara tanto para perceber que o que sentia eram as dores do parto?
Mas nem tivera tempo. Começara tão de repente e logo o intervalo entre as contrações
diminuíram bastante.
O chato era saber que estava sozinha em casa e que seus patrões tinham ido viajar há
três meses. Aliás, fora contratada exatamente para aquela função. Ela e Tavinho, seu irmão
mais novo. E era aí que morava o perigo. Tavinho saíra na noite anterior e até agora, mais de
vinte e quatro horas mais tarde, ainda não retornara.
Sabia que não deveria preocupar-se com seu irmão. Era apenas um rapaz desesperadamente
mulherengo e já se habituara aos seus constantes desaparecimentos. Logo retornaria a casa,
com o pescoço coberto de chupões e uma cara de quem estava muito satisfeito sexualmente.
Ao menos até o próximo encontro com uma das suas eternas e bobocas apaixonadas.
O problema era que ela estava sozinha. Mas tinha a caminhonete. Tavinho fizera questão de
deixar a caminhonete com ela, caso precisasse. Era uma pena que não tivesse pensado que o
bebê poderia nascer a qualquer momento. Quando entrava naquele estado de cio permanente,
Tavinho não conseguia pensar em nada mais que uma mulher se escancarando para ele. Ia se
preocupar que a irmã estava sozinha naquele sítio onde apenas os dois eram os caseiros e
que poderia parir a qualquer momento pois já completara as quarenta semanas de gestação?
Isso seria pedir demais!
um desencontro, ainda lhe restava o posto de saúde da Vila. Não estava longe e o doutor
Reys morava ao lado do posto. E lá havia também as enfermeiras.
- Tudo vai dar certo! - Disse em voz alta para se acalmar enquanto uma contração
atravessava seu corpo como ferro em brasas. A bolsa dágua já estourara. O nascimento de
seu filho não ia demorar.
Joana suava muito e ao mesmo tempo, sentia-se sonolenta. Mas não podia dormir. Tinha
que manter a mente limpa e atenta. Estava sozinha no sítio e precisava ligar para a
parteira Angel. Ia escalpelar seu irmão assim que o visse. E se ele tivesse manchas roxas
de prazer pelo corpo, ela lhe acrescentaria mais algumas, certamente bem dolorosas, embora
soubesse que sentiria um prazer inenarrável ao fazê-las!
Como estava de pé, se apoiando pelas paredes de seu quarto na casa destinada aos
caseiros, arrastou-se bravamente até o telefone. Sentia o corpo retesado, esticado e
dolorido. E para piorar, aquele sono que teimava em tirar-lhe a concentração.
Mas tinha que ser forte e não se esquecer de que estava sozinha e que o vizinho mais
próximo estava há uns quatro quilômetros dali.
Não que as terras onde se situava o sítio fossem vastas. Não eram. Vastas eram as
terras dos vizinhos que a ladeavam. De um lado estava a fazenda dos Sivelie e do outro, a
fazenda do tal Henrique Cassilhas e em frente, aquele mundo de fazenda onde ela ainda
nem descobrira onde ficava a porteira e que pertencia ao dono da fábrica de frios e
laticínios da cidade.
Mas o certo era que ela não conhecia a nenhum deles. Quase nunca saía da casa e era
Tavinho quem fazia as compras tanto para a manutenção da casa dos patrões como para a
Fora a providência divina que a pusera em contato com aquele casal de meia idade que
gostava de viajar, tanto pelo Brasil quanto pelo mundo. Embora aquele sítio nada tinha a
ver com as fazendas a sua volta,, pois era apenas uma casa com um estábulo e pouquíssimo
gado, uma piscina e não muito mais que isso, ela e o irmão davam conta de todo o serviço.
E os Fagundes, percebendo que ela não tinha um lugar para ficar, deram-lhe o emprego.
No princípio, chegaram a pensar que Tavinho fosse o pai do bebê. E ela pensara seriamente
em deixar as coisas assim. Afinal, em seus documentos, ambos tinham o mesmo sobrenome. Mas
tinham o mesmo pai e a mesma mãe e ela não queria ser pega numa mentira.
tampouco, a verdade. Embora tivesse dado entrada nos papéis do divórcio, este parecia que
nunca ia ser dado como certo por algum tribunal. O imbecil de seu marido era contra e aquele
maldito processo se arrastava há um bom tempo pela justiça mais que morosa. Assim sendo,
não era divorciada. Nem casada. Mas estava grávida e aquilo era uma certeza incontestável!
E, como se nada disso fosse suficiente, ela era uma fugitiva. Fugia de seu marido pelo país afora, sem dinheiro e
sem perspectiva, sem nenhuma esperança de conseguir se livrar daquele... Daquele... Como
poderia dar um nome por pior que fosse para aquele espécime inominável? No fim,
ele sempre a encontrava e fazia com que ela odiasse o dia em que o conhecera, o dia em que
se apaixonara por ele!
Como aquela madame entenderia que uma mulher que não era divorciada e nem casada estivesse com seis meses de
gestação, estado em que se encontrava por ocasião daquela entrevista?
Bem... Na verdade, uma gravidez não era nada difícil de se explicar. Poderia dizer que
fora abduzida, que o boto cor de rosa a pegara, que ... Que... Não importava.
- Que chato, né? Ficou grávida enquanto se divorciavam? - Dona Maria Antonieta
perguntara curiosa.
Joana prendeu o fôlego e já ia dizer que sim quando o marido de dona Maria Antonieta a
salvara.
- Ora, querida... Não seja bisbilhoteira. Vou mandar você para o grupo das fofoqueiras
da Vila do Vila Verde, hein?
- Não estou bisbilhotando! - Disse a mulher indignada e com a face corada por ter
cometido uma falta. Ao menos, era o que Joana pensara. Mas talvez a senhora não tivesse
gostado de ter sido repreendida em sua presença. E temeu que não conseguisse aquele
emprego que parecia ser a resposta a suas preces. Precisava de um lugar para ficar. Tanto
ela quanto seu irmão. Estava grávida e o pouco dinheiro que tinha, se esvaía rapidamente
já que as pousadas eram bastante caras para as parcas posses que tinham.
Nos últimos meses, enquanto atravessavam o país a procura de um esconderijo, acabara
sacrificando os cuidados com sua gravidez. Comia pouco e não pudera fazer um pré natal.
Tavinho abrira mão de muitas refeições para que ela pudesse se alimentar e quando
alugavam um quarto, os dois dormiam na mesma cama para não desperdiçar dinheiro com dois
Era certo que tinham dinheiro em suas contas em alguns bancos. Mas não podiam por as
mãos no que tinham. Haviam ficado sem seus cartões de crédito e mesmo que os tivesse
agora, poderiam acabar deixando pistas dos lugares por onde andavam. Certamente, as
faturas dos cartões iam dar todas as coordenadas dos lugares por onde passavam. E onde
elas seriam cobradas? Em seu endereço, claro! Justamente onde o abominável homem com quem
se casara um dia, morava. Em sua casa! Na casa que ela comprara!
Dessa forma, tinha saído do Paraná, andado por Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro,
Espírito Santo e Bahia e, acabaram no interior do Estado de São Paulo. E sempre com a
mínima quantidade de dinheiro possível.
Não sabia por que estava ali. Estava perto demais de Denilson. Rodara por tantos
lugares naqueles quase seis meses e agora estava num estado próximo ao estado do Paraná.
Todavia, acreditava que apagara seu rastro. Naquele zigue zague que ela e Tavinho haviam
empreendido, seria impossível que Denilson ou sua maldita família os encontrassem. Ali,
naquela vila, longe dos grandes centros, seria impossível que aquele miserável tivesse
qualquer pista deles.
- Sabe... - Dona Maria Antonieta falou depois de um tempo. - Preciso saber tudo sobre
a pessoa que vou colocar na minha casa. Eu e você passamos muito tempo fora. Não podemos
deixar nossa casa nas mãos de qualquer um!
Esse era o ponto. Joana não trouxera nenhuma carta de apresentação consigo. Como
explicaria que um dia fora uma empresária, junto com seu irmão? Como diria que ela e Tavinho
tinham uma empresa e que Denilson Prado, o ser mais doentio do planeta era seu sócio? Não
tinha muito a explicar para aquela madame. Se ela lhes desse o emprego, tudo seria ótimo,
excelente. Se não... O que poderiam fazer? Iam ter que continuar procurando por alguma
ocupação sem que seus nomes estivessem em algum computador de agência de empregos. Eles não
descobrissem onde estavam! Por outro lado, tinha que reconhecer que, dar emprego aos dois
era uma temeridade. Podiam ser ladrões e fazer com que o casal Fagundes encontrassem a
casa limpa, vazia de tudo quando retornassem de sua viagem. E quem poderia dar a certeza
ao casal de velhinhos que aquela barriga que ela ostentava não era falsa. Vira um filme
uma vez que a mulher, grávida de mentira, carregava até uma escopeta na barriga. Além de
uma HK 47, uma 9 mm, lança chamas e algumas granadas! Tudo era possível nesse mundo de
Deus!
possível.
- Ah! Foi só um desentendimento? - Disse a mulher esperançosa. - Então, as coisas
ainda podem mudar, não?
- Sim, podem... Mas nesse momento, preciso me manter afastada dele. Ele precisa
aprender a sentir a minha falta.
Isso era a última coisa que ela queria. Mas o que podia fazer nas atuais
circunstâncias? Precisava de um lugar para morar com o irmão e não tinham mais dinheiro!
Bingo! Tais palavras foram o suficiente para amolecer o coração daquela mulher. Mal
sabia ela o quanto Joana queria manter-se o mais distante de Denilson. Nisso ela não
mentira. Queria estar tão distante dele quanto Marte da Terra. Entretanto, uma outra
verdade era que as coisas poderiam mudar. E muito! Especialmente se Denilson os
encontrasse.
- Gostei tanto de você, menina, que vou lhe dar o emprego, mesmo sem referências. Vou
confiar em meus instintos. E eles me dizem que você está mesmo precisando de ajuda. Está
tão pálida! Tem certeza de que está bem para o trabalho como caseira? Sabe que terão que
tomar conta de limpeza da casa, manutenção da piscina, o cuidados com os cavalos, o
galinheiro e, embora eu tenha menos de vinte cabeças de gado, eles precisam ser tratados,
vacinados, cuidados. Não crio bois ou cavalos. O que temos é apenas para o uso da casa.
- Riu. - Bem... É um exagero dizer que quatro vacas leiteiras são para o uso da casa
- Não se preocupe, senhora. Daremos o melhor de nós aqui em sua propriedade. - Tavinho se
apressou em tranquilizar a mulher. Temia que o marido logo se interessasse em também fazer
perguntas e ele temia que mentissem tanto que depois nem saberiam onde estaria a verdade.
Entretanto, algo o preocupava. Jamais estivera perto de uma vaca ou de um cavalo. Nem
mesmo atentara para o fato, até então, de que o leite que bebia não vinha de uma caixinha.
Como ele faria para dar conta daquele serviço?
Mas conseguira transmitir tanta segurança ao aceitar o serviço que acabara aprendendo,
em tempo recorde, o básico. Tirar o leite, cuidar, escovar, alimentar os cavalos, parecia
algo que ele fizera por toda a vida!
Joana admirava tanto ao irmão que se perguntava se havia algo no mundo que ele não
fosse bem sucedido!
com o que Joana e Tavinho haviam demonstrado até então como os mais recentes empregados
daquela família.
Era certo que, ao chegarem ali, Joana temera pelo comportamento sedutor do irmão. Tavinho, que não
podia ver um rabo de saia, sempre acabava se expondo. E nem seria necessário que Denilson
buscasse por ela. Se aquele infeliz colocasse suas mãos em seu irmão, ficaria bastante
satisfeito. Teria um imenso prazer em mandar prender a seu irmão e depois, ir atrás dela
e só se dar por satisfeito quando ela desse o último suspiro.
- Só vou sossegar quando colocar seu irmão na cadeia e mandar você para uma sepultura
bem funda! - Ouvira-o dizer. E fugira antes que Denilson tivesse qualquer chance de
concretizar suas ameaças. Ela já não aprendera que jamais se deveria duvidar de suas
palavras?
O corpo de Joana se esticou ao máximo ao ser atingido novamente por uma dor lancinante
na base de suas costas. Tinha uma vontade louca de correr para o banheiro, sentar-se no
vaso sanitário e fazer força. Contudo, lembrou-se mais uma vez das palavras da parteira
Angel e temeu que seu bebê nascesse no vaso sanitário. Não queria que algo assim
acontecesse. Mas, do jeito que as coisas iam...
Ligou para a parteira.
Fora de área.
Tentou várias vezes e nada!
Algo poderia ser pior que aquilo?
Perdera a conta de quantas vezes ligara. Seu desespero aumentava a cada minuto. E as
dores pareciam muito próximas umas das outras!
Teria que pegar o carro e temia que nem mesmo conseguisse subir na caminhonete. Desde que
suas dores aumentaram, ela tinha a sensação de que não poderia sentar-se. A todo momento
seu corpo se esticava quando a dor a atormentava de maneira aterradora. Na verdade, queria
poder deitar-se e esperar que alguém se encarregasse dela, da dor que sentia, do parto, de
tudo. E, no mais, gritar e gritar para ver se aquela dor lancinante diminuía um pouco
assustada com seus berros!
Começou a alternar as chamadas entre a parteira Angel e seu desajuizado irmão. Mas a
mensagem era sempre a mesma, para o tormento de Joana que já sentia o rosto quente pelas
Resolveu, por fim, deixar uma mensagem de voz para os dois desaparecidos. O que mais
poderia fazer?
Joana desligou e já pegava as chaves da caminhonete quando o telefone soou.
- Tomara que seja o irresponsável do Gustavo! Vou arrancar-lhe as tripas! - Disse
enquanto ia se arrastando na direção do telefone. - Mas prefiro que seja parteira Angel.
Mato o Tavinho depois!
- Alô? - Disse com a voz desesperada pressentindo a chegada de mais uma contração.
- Vou matar você!
- Hã? - Gelou.
- Vou matar você, cadela! Vou fazer com que se arrependa de ter nascido!
A nuca de Joana se eriçou. Conhecia muito bem aquela voz. Denilson a encontrara.
- Ouviu, maldita? Vou matar você!
- Eu... Eu... - O pavor que a acometera era tanto que Joana nem mesmo sentiu a
terrível dor que a atava.
- Vou matar você e o inútil do seu irmão!
- Como...
- Como a encontrei? Simples. Tenho bons detetives. E estou há um passo de por minhas
mãos nesse pescocinho e de torcê-lo como se torce o pescoço de uma galinha!
- Denilson...
- Isso, maldita! Implore... Quero vê-la implorar por sua vida e pela vida daquele
inútil!
- Não gaste suas forças agora... Estou perto de sua casa... Do buraco onde você e o
inútil acharam que estavam escondidos de mim. Mas estou chegando para acabar com a
No desespero, Joana bateu o fone no gancho e correu para a caminhonete. Tinha que
fugir dali o quanto antes. E como avisaria seu irmão que aquele monstro estava no encalço
deles? Iriam embora e nem poderia dar uma explicação a dona Antonieta. Ia largar a casa
dela, o gado, os cavalos, os cachorros, as galinhas ao Deus dará. Não podiam cuidar de
animal algum quando tinham que tentar sobreviver ao homem louco que os perseguia há anos!
Enquanto corria para a caminhonete, uma outra contração a impediu de caminhar.
Estancara no vazio. Não tinha nem mesmo um local para se apoiar já que suas pernas pareciam
de geleia.
- Oh, Deus! Tenha compaixão! Pelo menos, se compadeça de meu bebê!
Mas sabia que de nada adiantava pedir ajuda a um ser divino. Ele não a ouvira até
agora. Por que prestaria atenção nela a partir de então? Deus não permitira que Denilson
Prado transformasse sua vida e a vida de seu irmão num verdadeiro inferno?
Quase se arrastando, conseguiu chegar na caminhonete. Fora um sacrifício subir sozinha
com aquela barriga imensa de quarenta semanas completas de gestação. Ao menos fora o que
a ultra-sonografia dizia.
Era certo que fugira de médicos. Não queria ir a uma clínica e fazer um pré natal, não
Claro! Estava sendo paranoica. Mas sabia muito bem do que Denilson era capaz.
E, depois de ter rodado tanto para apagar seus rastro, não ia querer entregar a ele a
sua direção numa bandeja.
E tinha também que pensar em seu irmão. Gustavo acabara se envolvendo naquela confusão
ao tentar defendê-la daquele doente mental. Não ia colocar a vida de Tavinho em complicações
ainda maiores.
seria capaz de correr uma maratona para poder fugir dali e salvar ao bebê. Duro era
dirigir com aquela dor que lhe rasgava as costas, a base da coluna, as pernas... Era a
pior cólica que já tivera. E pensar que se sentia mal sempre que sua menstruação estava
para chegar quando rolava na cama com dois dias de uma cólica cruel. Certamente agora,
podia multiplicar a cólica que sentia todos os meses e que fazia com que quisesse picar o
mundo em zilhões de pedaços por cinquenta, talvez por cem.
Mas, naquele momento, nem mesmo nessa dor que lhe partia o corpo em duas partes era
possível parar e pensar. Menos ainda se preocupar com ela. Se não conseguisse fugir dali,
nem ela e nem seu filho sobreviveriam. Não podia ir a vila do Sol. Se fosse até lá em
busca do doutor Reys, com certeza Denilson a encontraria. E não tinha a menor noção de
onde seu irmão poderia estar.
- Oh, Deus! O que faço agora?
Não estava levando roupas para seu bebê, não levava nada para si além de seu
vestidinho de grávida, branco com florzinhas rosas. Por sorte, a bolsa com seus documentos
e seu celular estavam a mão. Se não a visse enquanto corria apavorada para fora de casa,
acabaria deixando-a para trás. Mas não ia poder fazer isso pois as chaves da caminhonete
As lágrimas não lhe permitiam ver o caminho que seguia. Pisava no acelerador o mais
fundo que podia naquela estrada esburacada. As contrações iam e vinham naquele tormento e
ela precisava esticar o corpo naquele espaço reduzido onde sua barriga, que parecia
endurecida por causa da dor, não cabia direito.
Uma buzina fez com que se apavorasse ainda mais. Havia um carro atrás do seu que por
vezes, conseguia emparelhar-se com o dela.
Alguém lhe gritava algo?
"Deus! O maldito me encontrou! O maldito quer me jogar para fora da estrada!"
E a cada vez que a outra caminhonete se emparelhava com a dela, Joana lançava seu
carro em cima do outro a fim de tirá-lo da estrada. Mas era impossível! Os dois eram caminhonetes
quatro por quatro! Como conseguiria fugir de Denilson? Ele estava louco e queria
matá-la! Por isso, precisava acelerar cada vez mais! Não tinha escolha. Se tivesse que morrer, ela e
seu bebê, não seria pelas mãos daquele insano!
Depois de duas tentativas, o outro carro ficou para trás.
Então ela aproveitou para aumentar a distância entre eles. Pisou mais fundo no
acelerador. A caminhonete voava enquanto ela amaldiçoava aquela estrada poeirenta e
esburacada. Sempre colocavam cascalho por ali. Aí, as chuvas chegavam e levavam o cascalho
ribanceira abaixo. E só os buracos continuavam firmes, cada vez maiores!
um atoleiro medonho e o carro escorregaria para os lados, o que acabaria atirando-a para
fora da estrada. E, dependendo do lado onde tombasse, sua morte seria certa.
Embora a valeta avançasse por um longo percurso da estrada, por vezes aquilo se
interrompia e um grande buraco aparecia. Não sobreviveria a uma queda daquelas! O carro
rolaria pela ribanceira e ela e seu bebê não teriam a menor chance!
E novamente, uma outra contração a fez esticar-se por trás do volante. Como poderia
manter o carro na estrada se aquela dor a rasgava por dentro?
Ia rolar por um daqueles buracos a qualquer momento, ia descer por uma daquelas
ribanceiras e não teria escapatória!
Mas não se entregaria! Não se renderia ao louco que a perseguia sem piedade!
Ouviu outra vez a buzina. Olhou pelo retrovisor e viu que o outro carro tornava a se aproximar
buzinando. O motorista gritava alguma coisa mas ela não queria e nem podia olhar para
ele. Tinha que manter a atenção na estrada. E não queria ver a cara daquele maldito
assassino! Ele só queria acabar com ela. Com ela e com seu irmão. E nem deveria saber que
ela estava grávida. Se soubesse, a pouparia? Não importava. Denilson jamais se comoveria
com sua gravidez. Ele ia matá-la agora! Ia jogá-la para fora da estrada. Ia atirar nela. Ia matar a
ela e ao seu bebê. E, enquanto a dor a partia ao meio, ela esperou sem respirar que o
carro de Denilson batesse no carro dela.
E, no desespero da dor que lhe tirava os sentidos, Joana derrapou para fora da estrada e
seu carro virou numa ribanceira que acompanhava o caminho daquela velha e esburacada
estrada onde a poeira vermelha imperava.
Gerard Butler |
Para ouvir minhas Historinhas no Telegramhttps://t.me/+WRfH_ByCV2g5NGQx
( Se você já tem o TELEGRM instalado, basta clicar no quadrinho para ele abrir em seu pc ou celular)
gau disse...
ResponderExcluirAdorei sua pequena historia , e fiquei curiosa em saber onde foi parar o irmão , como ela conheceu o rapaz q fez o parto , s vão s apaixonar , quem dirigia a outra picape e onde estava o ex!?
acesse o link que está logo abaixo do primeiro capitulo!
Excluirabraços